Combustíveis para o Exercício Físico

Um tema importante que deve ser levado em consideração quando se trata de exercício físico é o combustível que será utilizado pelo corpo para fornecer energia ao músculo, possibilitando sua contração. Os componentes principais metabolizados durante o exercício são carboidratos e lipídios. Há também participação de outros compostos, como por exemplo a creatina fosfato. Os carboidratos encontram-se na forma de glicogênio, presente no músculo. Já os lipídios encontram-se basicamente sob forma de triacilgliceróis, depositados no tecido adiposo.

O que se sabe hoje em dia é que, de fato, não há esgotamento de um combustível para posterior início do consumo de outro. No início do exercício, o músculo mobiliza as reservas de glicogênio. Estas reservas, porém, são limitadas. O que acontece, portanto é que, antes mesmo que acabem os estoques de glicogênio muscular, a lipólise já é ativada. Dessa forma, são liberados ácidos graxos, conhecidos como ácidos graxos livres, que podem ser oxidados pela célula muscular para fornecer energia. À medida que o tempo passa e o exercício progride, a energia utilizada será cada vez mais proveniente dos ácidos graxos, tendo em vista que o glicogênio vai sendo consumido.

"Durante o exercício reações metabó1icas dentro do músculo esquelético (ME) são estimuladas para liberar energia necessária para regenerar ATP, usada como substrato na contração muscular. A Figura 6.1 expressa a relação entre duração do exercício (intensidade) e predominância de determinadas vias catabó1icas e mostra o exercício máximo realizado até a fadiga. Quando a fadiga ocorre em até 30 segundos, a maioria da ATP deverá ser regenerada a partir da hidró1ise da creatina fosfato. Exercícios que causam fadiga após 2 minutos devem repor ATP principalmente através da glicó1ise, enquanto exercícios feitos por mais de 3 minutos devem repor a maioria da ATP por meio da respiração mitocondrial oxidativa. A ilustração não deve ser interpretada como indicativo de que a creatina fosfato é usada somente nos primeiros 30 segundos do exercício, a glicólise somente após este período e a respiração mitocondrial sendo importante somente após os 3 minutos de atividade. Como será discutido neste capitulo, a creatina fosfato tem funções bioquímicas importantes até durante exercícios de longa duração, e a glicogenólise muscular, a glicólise e a respiração mitocondrial são estimuladas quase imediatamente quando a contração muscular começa." (Robergs, A. 2002:111)

Bibliografia:

Robergs, A. Princípios Fundamentais de Fisiologia do Exercício para Aptodão, Desempenho e Saúde. Phorte Editora Ltda. São Paulo, 2002.

Mas afinal: o que é exercício?

Quem nunca leu ou ouviu alguma coisa relacionando atividade física, exercício físico e esporte à qualidade de vida e saúde? Nos dias de hoje já é lugar-comum afirmar que a prática regular de exercício físico é fator indispensável a qualquer um quer deseje uma boa condição física e mental. Entretanto, na esmagadora maioria das vezes esses termos são empregados de maneira imprecisa e/ou incorreta. Sendo assim é interessante para se iniciar um trabalho sobre bioquímica do exercício fazer a definição precisa do que vêm a ser, afinal, atividade física, exercício físico e esporte.

Começando pela atividade física, trata-se de um conceito muito simples: atividade física pode ser definida como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético maior do que os níveis de repouso ( CASPERSEN et alii, 1985 ). Nota-se que nesse conceito entram ações que a princípio causam estranheza, tais como falar ou digitar em um teclado. Já o exercício físico consiste em toda atividade física planejada, estruturada e repetitiva que tem por objetivo a melhoria e a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física (CASPERSEN et alii, 1985 ). Sendo assim o exercício físico constitui uma subcategoria mais elaborada dentro da atividade física, que envolve por exemplo uma caminhada contínua de uma hora. Por fim o esporte (ou prática esportiva) pode ser definido como um sistema ordenado de práticas corporais de relatividade complexidade que envolve atividades de competição institucionalmente regulamentada, que se fundamenta na superação de competidores ou de marcas e/ou resultados anteriores estabelecidos pelo próprio esportista (GENERALITAT DE CATALUNYA, 1991 ). Portanto, esses três termos de maneira alguma podem ser utilizados como sinônimos quando se fala sobre exercício.

Dadas as definições formais, podemos tirar algumas conclusões. A primeira delas é que tanto a atividade física, o exercício físico ou o esporte podem eventualmente trazer benefícios à saúde. Ainda assim, apenas o exercício físico e a prática desportiva continuados é que proporcionam incrementos significativos e duradouros na aptidão física de quem os pratica. E é sobre essas duas categorias que o que será desenvolvido neste blog estará se referindo, principalmente porque um indivíduo obeso pode muito bem realizar diversas atividades físicas durante o dia e nem por isso perderá peso.

Com as definições bem estabelecidas podemos então partir para o fantástico estudo da bioquímica do exercício físico.

RODRIGUES, João Daniel – in ATIVIDADE FÍSICA, EXERCÍCIO FÍSICO E ESPORTE