27/10/2009

Metabolismo Lipídico

Uma questão importante a ser levantada a respeito do exercício físico é o seu desempenho em relação à oxidação de lipídios. Este é um dos motivos pelos quais as pessoas praticam exercícios físicos, e um ponto importante a ser esclarecido é a maneira como o corpo opta pelo combustível a ser usado durante o exercício, seja este carboidrato ou lipídio. Vale a pena, portanto, explicar como funciona o mecanismo de oxidação de lipídios no nosso organismo:



Segundo Maughan (2000:111-112): “A ativação da lipase sensível a hormônios, no tecido adiposo, e da lipase lipoprotéica ocorre durante o exercício em decorrência das ações da adrenalina e do glucagon, que são liberados pela medula adrenal e pelas ilhotas pancreáticas, respectivamente. Por essa razão, os ácidos graxos liberados dos triacilgliceróis nos locais de armazenamento de gorduras são liberados ao tecido muscular através da circulação, como ácidos graxos livres, e dos depósitos intramusculares de lipídios. Esses ácidos graxos livres fornecem uma fonte de energia prontamente utilizável, que pode ser liberada pelo processo de β-oxidação e contribuir significativamente com as demandas energéticas do exercício. Durante períodos breves de exercícios leves ou moderados, a energia é derivada em quantidades aproximadamente iguais da oxidação dos carboidratos e dos lipídios. Se o exercício persistir por uma hora ou mais e os carboidratos forem depletados, ocorrerá um aumento gradual da quantidade de lipídios utilizados como fonte de energia. Em exercícios muito prolongados, os lipídios (principalmente os ácidos graxos livres) podem suprir quase 80% da energia total requerida. Isso provavelmente ocorre por causa de uma pequena queda da concentração da glicose sanguínea e de um subseqüente aumento da liberação de glucagon (e diminuição da insulina) pelo pâncreas. As concentrações plasmáticas de adrenalina e cortisol também aumentam à medida que o exercício progride. Essas alterações hormonais estimulam a mobilização e a utilização subseqüente de lipídios como energia. A captação de ácidos graxos livres pelo músculo em atividade aumenta durante 1-4h de exercício moderado contínuo. O processo lipolítico é estimulado pelo exercício, mas ocorre somente de forma gradual.”



Percebe-se, dessa forma, que a queima de lipídios durante o exercício físico ocorre de maneira gradual. Além disso, é importante ressaltar que esse processo não ocorre de maneira significativa em exercícios de alta intensidade. Nesse caso, o principal motivo é a incapacidade do corpo de oxigenar todo o tecido muscular, deixando-o em um estado de anaerobiose relativa. Assim sendo, o único combustível disponível para ser degradado na ausência de oxigênio é a glicose, com conseqüente produção de lactato.


Em exercício, o corpo humano possui mecanismos para utilizar preferencialmente os lipídios como fonte de energia, sempre que possível. Isso ocorre, de modo geral, para economizar as limitadas reservas de carboidratos do corpo. É importante destacar que a reserva lipídica corporal pode ser considerada inesgotável: “Em contraste com as reservas limitadas de carboidratos no corpo, os estoques de lipídios são abundantes e, em termos de quantidade disponível, não limitam a realização de exercícios prolongados. Por exemplo, uma corrida de maratona de 3-5h de duração exige que menos de 1 kg de gordura corpórea seja catabolizado se somente gordura for oxidada para fornecer energia.” (Maughan, 2000:112). Dessa forma, é mais viável ao organismo consumir os lipídios quando possível, poupando os carboidratos para quando estes forem indispensáveis.

Bibliografia:
Maughan, R. Bioquímica do Exercício e Treinamento. São Paulo:Editora Manole Ltda., 2000

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