Existe um números crescente de mulheres como atletas profissionais, a pressão causada pelas competições e também a imposição de padrões de beleza faz com que, não somente atletas, mas também mulheres praticantes de atividade física apresentem cada vez mais a chamada Síndrome da Tríade da Mulher Atleta. A descoberta desta síndrome foi oficializada em 1992 por um grupo de especialistas do Colégio Americano de Medicina Esportiva e caracteriza-se por três condições diferentes: distúrbios alimentares, amenorréia (ciclos menstruais diminuídos ou ausentes) e osteoporose.
Este problema vem sendo mais estudado e é foco de pesquisa da professora Fátima Palha, do Departamento de Biociências da Atividade Física da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da UFRJ e pesquisadora do Instituto Virtual dos Esportes da FAPERJ.Segundo ela, os fatores da tríade estão extremamente interligados. "A tríade da mulher atleta é iniciada pelo desequilíbrio entre ingestão e gasto calórico que pode resultar em um déficit energético. Este déficit pode causar, com o tempo, a diminuição da produção de estrógenos pelo ovário, e este fator combinado à carência de cálcio e vitamina D, devido às deficiências dietéticas, resultam em amenorréia secundária, ou seja, ausência de fluxo menstrual por mais de três meses consecutivos. E ainda ocasiona a perda da densidade óssea que pode evoluir para a osteoporose precoce na atleta", acrescenta Fátima.
Os distúrbios alimentares característicos dessa síndrome ainda não estão totalmente esclarecidos, porém segundo uma pesquisa feita pela professora Fátima Palha com atletas na faixa dos 20 anos e 4,6 anos de treinamento e que se exercitam 13,8 horas por semana,estes distúrbios não chegam a se caracterizar como bulimia ou anorexia. Entretanto os resultados incitam a prevenção e a tomada de cuidados, já que eles podem acabar causando os outros sintomas da tríade.
A amenorréia é causada por uma disfunção hormonal, com produção diminuída de estrógeno e progesterona, esta diminuição chega a se assemelhar à de mulheres na menopausa. Segundo o artigo da professora Dolores P. Pardini da UNIFESP nesta disfunção reside uma causa hipotalâmica: “Sob essa circunstância a secreção pulsátil do GnRH está alterada, redundando numa diminuição da produção de LH e FSH que, por sua vez, acarreta decréscimo dos esteróides ovarianos. A secreção de LH e FSH na adeno-hipófise também é pulsátil, em conseqüência de descargas rítmicas de GnRH através da circulação porta hipofisária (6). Marshall e Kelch, em 1986, descreveram que as características dos pulsos de LH diferiam de forma significante quanto à freqüência e amplitude entre as mulheres atletas e sedentárias (7). Observaram, em amostras coletadas a cada 15 minutos durante 6 horas, que tanto a freqüência de pulso como a amplitude e a área sob a curva de LH eram menores em corredoras, quando comparadas a um grupo controle.” , diz o artigo.
Este quadro de amenorréia vem acompanhado pelo aparecimento de osteoporose, causando sérias conseqüências como também é abordado no artigo no seguinte trecho: “A amenorréia hipotalâmica associada com a Tríade da mulher Atleta também resulta numa condição de hipoestrogenismo levando à osteoporose prematura que, por sua vez acarretaria conseqüências a curto e longo prazo. A curto prazo, atletas oligomenorreicas têm sido vítimas de altas taxas de lesões, particularmente fraturas de stress (34) e a longo prazo, aquelas que tornam-se osteoporóticas, têm risco aumentado de fraturas com sua resultante morbidade, embora ainda jovens. Jovens bailarinas com menarca retardada constituem grupo de risco para escoliose e fraturas. A escoliose idiopática da adolescente ocorre em aproximadamente 1,8% da população geral, 3,9% em meninas brancas e 24% nas bailarinas (35). Cerca de 85% da massa óssea é adquirida na adolescência. Um estado de hipoestrogenismo prolongado na adolescente, devido a amenorréia primaria ou secundária, acarreta retardo na maturação de centros ósseos na coluna e predispõe à instabilidade vertebral e curvatura.”
O tratamento para a síndrome tem a necessidade de acompanhamento por vários profissionais: médico, nutricionista, psicólogo. O auxílio por parte dos familiares e treinadores também se mostra essencial para recuperação integral das pacientes. Dentre as recomendações estão: a diminuição da atividade física em 10 a 20%, aumento de peso e em alguns casos ingestão de complemento de cálcio e terapia com estrógeno e progesterona.
Referências Blibliográficas:
PARDINI, Dolores P.. Alterações hormonais da mulher atleta. Arq Bras Endocrinol Metab [online]. 2001, vol.45, n.4, pp. 343-351. ISSN 0004-2730.
http://www.webrun.com.br/home/conteudo/noticias/index/id/6319?pag=1
http://www.faperj.br/interna.phtml?obj_id=1959
http://www.gssi.com.br/publicacoes/treinador/pdf/julho_agosto_2001.pdf
http://www.olharvital.ufrj.br/ant/2005_09_01/materia_cienciaevida.htm
Imagem: rodolfolucena.folha.blog.uol.com.br/images/PanMariela.jpg
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